segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Chuva

Eu quero a chuva forte,
Quero a magia purificante da água
Desejo o céu cinco minutos antes da tempestade
Intenso, caprichoso, cheio de vontade
O vento veloz que varre da alma as dores 

e leva na saudade meu beijo ao belo  
com quem me encontro nos espaços das entrelinhas
Quero a chuva que faz subir o odor das lembranças 

e traz a tona todas as palavras que me esqueci de dizer
Eu quero me diluir na água, penetrar a terra morna
só para me cristalizar bem aí ao seu lado...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Hiperrelatividade


Estou relativamente bem,
Relativamente feliz
(talvez nem tanto, por instantes,
até, relativamente triste)
Relativamente aqui,
embora, relativamente lá
Relativamente trabalhando
mas, também, relativamente nem tanto
Relativamente criativa
e em outros tantos segundos,
relativamente bloqueada
Relativamente comprometida,
se bem que relativamente desimpedida
Relativamente confiante,
ainda que relativamente desconfiada,
Relativamente impaciente
mas, relativamente esperando,
(embora já quase deitada!)
ABSOLUTAMENTE zonza!

sábado, 26 de setembro de 2009

Ansiedade

Esperando as respostas que ainda não vieram
Os sonhos que esqueci de sonhar
O destino que ainda não chegou
A viagem que ainda não fiz
Ceifando impiedosa o que já não serve,
Construindo espaços
Arquitetando o futuro
Mudar, trocar, redimensionar
Sorrir, tremer,
Desejar para ontem
Adormecer com a certeza
de que se concretiza amanhã
e acordar com a dúvida
A dúvida, a dúvida, sempre a dúvida,
Sempre ela, embaralhando meus minutos,
engolindo meu próprio estômago,
jogando com o tempo,
mas, o que sou eu sem ela e ela se mim?
O que é meu mundo na mais perfeita ordem,
de oceanos mansos e respostas sempre iguais?
De qualquer forma eu sei,
eu sei que será imensamente perfeito!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As marés

Pérola bela que veio à tona
Flutua, pisca um olho,
vira uma cambalhota
Na superfície, sorri
pronta para ser colhida,
sorvida, vivida...
Espuma suave, fruto de
uma onda turbulenta
que rompeu-se tão profundamente
que cuspiu qualquer
resquício do que já não servia
Águas serenas, francas, gentis,
fluindo, fluindo, carícia sem fim...
Dança macia da paz que
banha, que sobe e que desce,
assim como as marés,
mais ou menos intensa,
no entanto, constante...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rainhas, Princesas, Gatas e Boneca


Para aquele que além de Rainhas,
Princesas e Gatas, também tem a Boneca
Porque a vida que é vida,
que não é mera sobrevivência,
ácida, árida,
cede espaço ao sonho
O sonho não tira,
acrescenta, nutre, alimenta,
enche de vida!
A vida que vale ser vivida,
não faz prender o fôlego,
não induz ao medo, ao receio,
à exclusão da identidade,
à retirada abrupta do tempo,
do chão, da alegria
De que vale a vida nefasta, sombria,
taciturna?
A vida que, de fato, se propõe a ser vida,
em nada se assemelha aos arames que cerceiam,
que estrangulam o amor, massacram almas
O amor precisa de oxigênio, é algo vivo e
como tal, precisa respirar
Se mete-lhe uma cúpula em cima,
não se excluem os riscos,
abafa-o, fenesce...