sábado, 28 de abril de 2007

Minutos indigestos

Engulo as horas
mas não consigo digerir os minutos
Há um travo que ainda não consegui remover
Tento, tento e nada
não que me importe
mas no entanto me incomoda
Não que faça alguma diferença para você
é só que cansei desse espinho
Os segundos, os travos e os espinhos
provocam uma reação química um
tanto estranha, entram em combustão
Algo ferve no meu peito
uma inquietação,
um tremor,
medo e talvez haja algo de euforia também
Hoje o mundo parece suspenso,
estranhamente tenso.
Como se esperasse por amanhã,
pelo próximo capítulo
E eu fico com uma sensação
desagradável de ter atropelado alguma coisa...

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Pequeno parêntese para algumas recordações - completamente desprovido de qualquer inteção literária


E aquele abraço de manhã me acostumou tão mal,
energia boa para começar o dia
Aquele sorriso sempre tão sincero,
que de tão sincero, emociona tolos apaixonados
Um café, um pé torcido, frio na barriga
Medo, paixão e um primeiro beijo
capaz de tirar um desavisado de órbita
Um pedido de namoro, uma queda,
risadas, comemorações acidentadas
Estes somos nós, meu amor - intensos e belos
Declarações sussuradas na última noite de viagem
Assistir aos jogos da copa sozinhos,
mas com direito a cornetas, cervejas, etc, etc.
Um almoço só para dois, um dia
inteiro juntos em um início perfeito
Horas e horas de conversas internéticas
Tantos pontos em comum, quantas descobertas,
músicas, fotos, trocadas pela rede
Uma cerveja que você não se conformava de não ter servido,
naquele mesmo dia tantas histórias contadas
Planos que se compartilham e eu na maior felicidade
Por ter tido meu grande sonho comprado por alguém tão especial
E ainda início de tudo, recordação máxima,
um primeiro e-mail, formal, tímido,
um pedido de desculpas, uma explicação, mudança
repentina de toda uma história

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Era tudo incrivelmente fulgaz


Nunca te contei que mudaria tantos planos por você.
Que com você a Itália fica bem mais longe.
Que com você ela seria apenas meu destino de férias.
Nunca te disse que você abala minhas convicções mais antigas,
e os meus sonhos se transformam.
Que você torna tudo incrivelmente relativo e maleável.
Que o resto do mundo tem sua importância subtraída.
Nunca te contei porque achei desnecessário ou
porque me faltou coragem.
Porque talvez você não entendesse que
tudo isso não era um "por você" transitório,
mas de puro egoísmo do amor imenso que sinto.

De quando a dor atingiu seu ápice - A grande puta desertificadora

E de repente aquela dor rombuda,
vontade de chorar profunda,
que já se tinha ido há dois dias,
Retornou!
E veio me chamando pelo nome,
íntima minha que já se havia tornado
Maltrapilha e cínica, veio com o dedo
metido por entre os buracos que a saudade
escavou no meu peito
Leviana, cobra profana,
Maculadora das lembranças puras
dos amores perdidos!
Astuta e cruel, essa maldita
que a tudo arrasa,
Desertificadora de corações!
Cria miragens, faz saltar apenas as
recordações mais doces,
provocando um sufocamento
em tudo aquilo que não ia bem
Estratégia maligna para abrilhantar
ainda mais seu dramático espetáculo
Profundamente ferida, cansada e besta
afrouxo minhas defesas e espero que ela se vá...

De quando tudo começou a se desviar - Quando rir era tão fácil

Como é difícil querido!
Como é difícil sofrer calada
Reler os versos de dias mais ensolarados
Versos estes, que através de minhas lágrimas, tomam agora novos significados
Como é difícil lembrar de quando tudo era perfeito
E eu tua soberana
Aquele princípio caótico, mas carregado de paixão
Aqueles dias de andar de táxi
De cuidar do teu olho fechado
Que saudade daqueles dias plenos de alegria,
Isentos de dúvidas, quando desconhecíamos uma briga
Quando rir era tão fácil, quando meu grande medo
era de ser tão perfeito...
Dias de conhecer coisas novas
De passar 10 incríveis dias ao teu lado
Sinto uma falta tremenda dos dias em que você acreditava
Acreditava que não eram dois caminhos tão distantes os nossos
Quando ficar juntos não era nenhum sacrifício
E nos encontrávamos no meio da semana a tarde
Saudades, saudades imensas daqueles dias leves,
Sem sequer uma mágoa no olhar...

De quando eu era a dona do teu amor - Desmanche

As lágrimas caem
E eu me derramo
Você se derrama
Me derramo em seus braços
Me derreto aos seus olhos
Minha pele se desmancha
Entranhas se desfazem
E assim resto
Apenas coração e olhos
Coração e olhos em tuas mãos

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Provavelmente acostumada

Hoje tudo me parece um pouco mais simples. Talvez eu tenha apenas me acostumado ao fato da ferida ainda estar aberta.
Espero sinceramente, que não se trate de nenhum tipo de esperança tola. Não creio que isso pudesse me ajudar de alguma forma.
Talvez seja o conforto proporcionado pela tua proximidade nestes últimos dias- teu telefonema, teus e-mails.
Tê-lo por perto é sempre incrível.

Colo

Eu velaria seu sono. Ao menor sinal eu estaria ao teu lado.
O menor desejo pela minha companhia faria com que eu me abalasse para qualquer parte.
Fosse do jeito que fosse, do jeito que você estivesse, independente do que pudesse me oferecer em troca.
Porque eu te amo.
Talvez porque sua doença afugente minha paz ou simplesmente porque gosto de te observar.
Desejo mudo de ter você no meu colo...

terça-feira, 24 de abril de 2007

Reticências no meio do dia


De três em três,
de nove em nove,
de quinze em quinze
Elas se jogam
não mais se derramam
devido a ausência absoluta de tranquilidade
de vinte uma em vinte uma então, jorram...

Vibração

Há tanto tempo eu não via
tua boca formar a palavra "linda"
O desenho dela nos teus lábios me comove
A vibração da tua voz
é capaz de sacudir meu mundo,
instaurar o caos,
arrancar lágrimas
Lágrimas que de tão profundas,
tão vorazes,
me engolem nelas
São as tuas lágrimas
pois só a tua ausência
me faz chorar assim
Querer gritar de desespero
me inundar de medo
me encolher diante da
perspectiva de nunca mais tê-lo ao meu lado
A dor do eu-sem-você,
a dor do medo-de-você-com-qualquer-outra,
Dor do meu futuro sem você nele,
da esperança enterrada bem fundo,
do meu olhar sem brilho

Sem arrependimentos


Mesmo essa lembrança dolorida me consola
De qualquer forma é a tua lembrança, não é mesmo?
Independente de quantos litros de lágrimas eu
já tenha derramado de saudade
Não me arrependerei de nada
Ainda que o medo do que
está por vir seja insuportável
Mesmo com a esperança assassinada
Até mesmo ante a perspectiva
de uma espera de anos
que nem ao menos certeza tenho
de que deixará de ser espera
Ah, querido como é infernal
conviver com essa dor que
de tão imensa me ocupa inteira
Porque ela não existe em mim
sou eu que existo nela!




A ferida de mil cascas


Não é teu corpo,
mas teu espírito que me faz falta
Aquele sentimento de tanto tempo
que agora você nao entende
Como é difícil separar você de mim
Como sofro tentando separar
estes dois caminhos indivisíveis
Tentando, à força, cicatrizar
a ferida que ainda não parou de sangrar
Quantas cascas já teve esta ferida?
Com quantos curativos ja tentei
tratá-la sem sucesso?
Em quantos ombros já
procurei abrigo?
Já não sei...
Já me perdi de mim
nessa busca, nessa luta,
nessa rebeldia inútil contra
as lágrimas da solidão
Solidão que ninguém preenche
Homem nenhum é capaz de ocupar teu espaço
Me dissolvo em lágrimas e
por você me reergo
Não me importa quem seja
a estrelinha da vez
Ninguém mais me importa
Quero você, quero você outra vez
Mesmo sabendo que não pode ser
Mas num sonho pode
Num sonho tudo pode
Nele não me preocupo,
apenas relaxo
Nele sou tua e
você me ama
O sonho - um abraço morno