domingo, 28 de setembro de 2008

Impulso

Corre no sonho
atropela a razão,
busca motivos,
Encontra os errados,
veste-se com eles,
Engole sentimentos,
engasga com os fatos,
tropeça nos medos,
supõe, idealiza, delira,
agoniza, até poder vomitar o belo...

Es-feras



Esferas coloridas,
milhões delas imersas
num corpo, como num
copo de cristal
Cintilantes e belas
Circulares e perfeitas
Mil matizes, reflexos delicados

que se movem em giros completos
Corpos que se cruzam,
chocam-se, despedem-se
Unem-se, coexistem,
Revelam-se,
Esplendor quase etéreo

domingo, 21 de setembro de 2008

Ruído

Ruidozinho repentino,
desconfortante interferência retratora
Imperfeição delineada
sobre a pele
Desnecessário, tolo
inoportuno,
Estúpidos detalhes,
desarmonizam o contexto
e despertam Alice...

domingo, 14 de setembro de 2008

Trans Formação

Engolindo a alma
apertando os nós da saudade
Confiando no tempo
amaldiçoando o cinza
Contemplando os dias
frio intenso, encasulada
Cores que deixo escorrer,
simplesmente escorrer
Esperança muda que
os desenhos formados sejam belos...

sábado, 13 de setembro de 2008

Breve pausa reflexiva

Que me importam os quadros
se tenho cenas completas diante e atrás de meus olhos
Por que preocupar-me com as dores
se sempre preferi sentimentos a um prato morno e insosso?
Para que medir os riscos
se não sou mesmo capaz de virar e me afastar de um belo portal?
Como manter o controle atado em cordas
se a vida e o acaso o rouba de todos continuamente?
Não preciso das respostas,
Dispensei os medos,
Abandonei os receios
Afastei as previsões
Olhos que não mais supõe, não constróem,
Observam, contemplam, sorriem...
ou choram...


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Estranho sono estrelado

Uma estrela passou zunindo do
lado da minha cabeça,
arrancou um pedaço da
minha orelha esquerda
Temporariamente surda,
temporariamente confusa
E ainda assim encantada com
o brilho da estrela...
Olhos que se perderam pelo caminho
Chuva de meteoros repentina
Desordem...caos...
Estrela que se embrenhou pelo espaço
e nem deu tempo de estender
minha mão para tocá-la
O escuro só me permite sentir o
rastro de energia que ela desenhou ao passar
Deito, contemplo o céu,
procuro fragmentos meus
Tento ouvir minha própria voz...




quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Os sonhos e os dados

Os sonhos já foram sonhados
antes mesmo do lançamento dos dados
Palavras que correm tão rápidas
quanto pensamentos

Olhos que não mais se olharam
se procuram, se caçam, não se encontram
Rostos ao acaso numa tela branca

Asas sutis, pousos suaves
turbulências, ventos mornos
Espaço, atemporalidade
Realismo e surrealismo,

co-existência perturbadora

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Espelhos

Dançando entre espelhos
frente e verso da mesma história
pensamentos que se agitam, gritam
chocam-se, ensurdecem
Perda temporária do ritmo

palavras, idéias, palavras
Pés frenéticos
ligeiros, indomáveis
Sorriso como um raio
em meio a tempestade

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Impressionismo


Imagens nascidas de mãos impressionistas
onde as cores nunca são insípidas
e os contornos jamais ferem
Tudo é belo, tudo é harmônico
deleita olhos e espíritos refinados
Há que se lembrar, no entanto,
de que quadros estáticos são quase
sempre donos de uma beleza injusta
Revelam apenas um ângulo
de toda a história,
certamente o mais belo
Iludem os sentidos e embebedam o raciocínio
entorpecem, ocultam, mudam o foco
A embriaguez nem sempre é a melhor escolha...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Flutuante

Hoje sou o vento
que sopra manso e morno
Brinco com a superfície
das águas sempre plácidas
Ondulo o que é liso,
inverto a ordem das coisas
Porque hoje sou eu que agito o mundo,
que causo a desordem
Não pertenço às preocupações,
são elas que me pertecem
Esqueço-as em alguma gaveta
hoje, e talvez apenas hoje...
Deslizo tranquila, flutuo, me perco
me encontro


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Aquarelável

Aquarelável
Me dissolvo, me misturo, escorro
Sem pressa, sem planos, numa tela fluida
Brilhante, intensa, manchando
despida de mitos, fértil de idéias
Nutrida, ondulando com a água,
restituída a mim mesma
Alegria que ignora motivos
formas que se movem num sopro
Desenhos surgindo ao acaso
desconstrução absoluta das linhas
leveza que desconhece limites
Eu que me projeto ao acaso